Produzido por: Nena Gonzalez e Sheyla Mattos
Ninguém imagina sofrer uma
lesão medular. Aliado a isso são poucas as informações que temos a esse
respeito e suas inúmeras conseqüências.
Nossa intenção, com esta
apresentação, é oferecer informações básicas que permitam esclarecer e
desmistificar as questões que envolvem a lesão medular, com assuntos
apresentados de forma sintetizada e simples.
O que é Lesão Medular
Quando
a medula espinhal é danificada como resultado de um trauma ou por uma doença ou
por um defeito congênito, haverá alterações na sensibilidade e na função
motora, dependendo da extensão e da localização da lesão. Isto é o que chamamos
de Lesão Medular.
Podemos identificar os
comprometimentos da lesão dependendo do nível atingido, ou seja, os movimentos
e as sensações corporais estarão parcialmente reduzidos ou totalmente perdidos
abaixo do nível da lesão. O que determina o nível da lesão não é o nível da
fratura e sim o nível do comprometimento neurológico avaliado.
Quanto mais alta for a lesão,
maior será essa perda; e quanto mais baixa for a lesão, mais sensibilidade e
movimentos serão preservados. Porém, como cada organismo não responde
exatamente da mesma maneira e as lesões apresentam graus diferentes de comprometimento
medular, não se pode determinar (ou prever) se isso realmente acontecerá, ou em
caso de algum retorno de sensação e/ou movimento, ninguém poderá determinar o
quanto esse retorno será funcional. Somente o tempo poderá responder estas
questões.
Quanto mais próximo do cérebro
a lesão é chamada de alta e quanto mais distante do cérebro é chamada de baixa.
A Lesão Medular apresenta
grande complexidade de fatores envolvidos e pode ocorrer em diversos níveis e
por diversas causas. Sendo assim, explanaremos alguns tópicos importantes para
sua melhor compreensão.
A
coluna vertebral é composta por 33 vértebras empilhadas umas sobre as outras
que, juntamente com os músculos exercem as funções de sustentação, equilíbrio e
movimento. No centro das vértebras existe um orifício que forma o canal
vertebral, cuja função é de abrigar e proteger a medula espinhal.
A medula espinhal é uma massa
de tecido nervoso situada dentro do canal vertebral. Mede aproximadamente 45 cm
no ser humano adulto e se estende desde a base do crânio até a 2ª vértebra
lombar e depois termina afilando-se e formando uma cauda (cauda eqüina).
A medula faz conexões entre o
cérebro e o corpo e dela saem os nervos espinhais, que têm a função de conduzir
impulsos nervosos sensitivos e motores, sendo responsáveis pela inervação do
tronco, braços, pernas e parte da cabeça. Os nervos espinhais se distribuem
pelos músculos, pele, vísceras e também se relacionam com a temperatura, dor,
pressão e tato. Isso explica o fato de sentirmos dor, calor, frio, vontade de
urinar, conseguirmos pegar um objeto, andar, enfim, termos sensações e
movimentos.
Existem 30 pares de nervos espinhais, a saber:
- 8 pares de nervos cervicais;
- 12 torácicos;
- 5 lombares;
- 5 sacrais.
Cada nervo percorre um trajeto definindo o
território cutâneo (dermátomo – figura 3) que recebe o nome da raiz que o
inerva. Assim, identificamos a raiz nervosa responsável pela sensação e
movimento da região do corpo segundo o dermátomo.
Exemplo: Uma lesão na oitava vértebra
torácica compromete a partir da nona raiz nervosa torácica. A figura 3
apresenta as regiões coloridas indicando a região corporal que ficou afetada.
Vale salientar que a avaliação neurológica é que define o nível
da lesão.
Existem as causas congênitas, traumáticas e as não-traumáticas.
Lesão Medular Congênita (Mielomeningocele ou Espinha Bífida) = Constitui uma má-formação entre a 3ª e a 4ª semanas de gestação causando uma falha no fechamento do tubo neural. Durante a formação do Sistema Nervoso, é necessário que este tubo se feche e proteja a medula espinhal. Quando não ocorre esse fechamento, a região lombar ou torácica da medula espinhal fica exposta causando uma lesão na medula e, além desta, freqüentemente, outras másformações estarão associadas. Esse tipo de lesão é considerado uma causa não-traumática.
Lesão Medular Congênita (Mielomeningocele ou Espinha Bífida) = Constitui uma má-formação entre a 3ª e a 4ª semanas de gestação causando uma falha no fechamento do tubo neural. Durante a formação do Sistema Nervoso, é necessário que este tubo se feche e proteja a medula espinhal. Quando não ocorre esse fechamento, a região lombar ou torácica da medula espinhal fica exposta causando uma lesão na medula e, além desta, freqüentemente, outras másformações estarão associadas. Esse tipo de lesão é considerado uma causa não-traumática.
Lesão
Medular Não-traumática = É
gerada por diversos fatores como: tumores que comprimem a medula espinhal ou as
regiões próximas; acidentes vasculares; hérnia de disco; deformidades na coluna
vertebral que afetam a integridade da medula espinhal. Os agentes causadores
deste tipo de lesão medular não origem congênita e nem traumática.
.
Lesão Medular Traumática ou Traumatismo Raquimedular (TRM) = É
proveniente de acidentes automobilísticos, mergulhos, ferimentos com armas
brancas (facas e objetos cortantes) ou armas de fogo (projétil), quedas de
alturas etc. Caracteriza-se por um trauma que fratura (quebra) ou desloca uma
ou mais vértebras da coluna vertebral provocando uma invasão no canal medular e
atingindo a medula espinhal por compressão ou secção (corte).
Classificação
A Lesão Medular pode ser classificada de acordo com o
comprometimento sensório-motor que a pessoa apresenta. Quando a medula sofre
uma lesão, pode ser parcialmente ou totalmente atingida e, dessa forma,
determina-se o seu grau de comprometimento.
Vale ressaltar que a lesão medular não compromete
necessariamente a parte intelectual: raciocínio, memória, compreensão. Caso o
cérebro seja afetado, podem-se observar alterações na parte intelectual, além
de comprometimentos na face (língua, boca, olhos etc), dependendo da gravidade
da lesão cerebral.
Uma lesão é classificada como completa quando não há função
motora ou sensitiva preservada no segmento sacral. Numa lesão incompleta as
funções motora e sensitiva estão preservadas no nível do segmento sacral.
A Tetraplegia ou quadriplegia indica que existe
comprometimento parcial ou total sensório-motor nos quatro membros, podendo
comprometer também a respiração.
Classifica-se
de tetraplegia completa quando há comprometimento total dos
quatro membros e/ou da respiração com secção total da medula, isto é, a
comunicação entre o cérebro e as outras partes do corpo fica interrompida
abaixo do nível da lesão. Não há movimentos e sensações nos quatro membros e
não há função motora ou sensitiva preservada no segmento sacral.
Já na tetraplegia
incompleta a
medula espinhal é parcialmente lesionada, preservando-se algumas sensações e
movimentos no segmento sacral, ou seja, quando existe contração voluntária da
musculatura do esfíncter.
A Paraplegia indica que existe comprometimento
parcial ou total sensório-motor somente nos membros inferiores, sendo que as
funções dos membros superiores estão preservadas.
Na paraplegia
completa os
membros superiores têm suas funções preservadas, mas os membros inferiores não
apresentam qualquer movimento e não há função ou sensação muscular na área
sacral inferior.
Já a paraplegia
incompleta os
membros inferiores apresentam alguns movimentos, mas sem força suficiente que
permita que a pessoa ande e existe contração voluntária da musculatura
esfincteriana.
Cuidados
importantes
Devido aos comprometimentos causados pela lesão medular, devemos
tomar alguns cuidados importantes:
Alimentação - uma dieta balanceada é muito importante
para evitar excesso de peso, prisão de ventre, diabetes, hipertensão.
Além disso, uma alimentação correta pode ajudar na hidratação e
nutrição da pele, bem como nas funções fisiológicas da bexiga e dos intestinos.Consulte
um nutricionista!
Bexiga
e Intestinos -
quando há perda da função fisiológica da bexiga e dos intestinos, o organismo
não cumpre com os processos de eliminação e absorção dos alimentos
satisfatoriamente. A pessoa perde a sensação, o controle e a vontade de urinar
e evacuar. Com isso, há um aumento da prisão de ventre e da retenção da urina
provocando infecções urinárias.
É muito importante manter essas funções o máximo possível
controladas e, para isso, é necessário consultar um urologista periodicamente.
Circulação - como há falta de mobilidade, a circulação
fica prejudicada e pode causar inchaços (edemas) localizados nas mãos e nos
pés. As tonturas posturais também podem ocorrer ao mudar de posição (de sentado
para deitado ou vice-versa), levando a pessoa a sentir a visão turva, tonteira
e às vezes um pouco de suor e palidez. É importante ter orientações específicas
para cada caso. Realize as mudanças posturais de uma forma lenta para que o
organismo aos poucos se adapte à nova posição.
No caso de inchaços, eleve as pernas ou os braços de acordo com
a região afetada, colocando um travesseiro sobre elas para facilitar a drenagem
do edema.
Disreflexia autonômica – Como o corpo está impedido de reagir voluntariamente, um conjunto de sinais e sintomas surge em resposta a algum problema localizado nele. Isto é a disreflexia. Geralmente é causada por um problema na bexiga ou nos intestinos devido à lesão medular. É preciso ficar bastante atento à disreflexia autonômica, pois é necessário tomar medidas emergenciais para não correr risco de vida. Algo está errado! Este é o alerta.
Sinais
e sintomas:
o Aumento das contrações no abdome, nas pernas e também nos
braços, em alguns casos;
- Dor
de cabeça;
- Suores;
- Tontura;
- Batimento lento do coração;
- Placas vermelhas aparecem na face, pescoço e às vezes no corpo todo;
- Arrepios e coceiras indefinidas pelo corpo;
- Aumento da pressão arterial
- Suores;
- Tontura;
- Batimento lento do coração;
- Placas vermelhas aparecem na face, pescoço e às vezes no corpo todo;
- Arrepios e coceiras indefinidas pelo corpo;
- Aumento da pressão arterial
A primeira medida é esvaziar a bexiga fazendo o cateterismo
vesical* de urgência. Em seguida, verifica-se se há prisão de ventre e, em caso
afirmativo, provoca-se uma evacuação por meio de medicamentos e chás. É
fundamental que se observe a existência de partes do corpo com feridas,
arranhões, unhas encravadas, mal-posicionamento e roupas, cintos ou sapatos
apertados. Se em pouco tempo não se reverter os sinais e sintomas, deve-se ir
imediatamente para um hospital. O mais importante é a prevenção! Cuide-se bem!
l* é uma técnica utilizada para realizar o esvaziamento da
bexiga através da introdução de um cateter pela uretra. Para a realização deste
procedimento é necessário um treinamento que deve ser ensinado pelo urologista.
Espasticidade – Após a lesão medular e a interrupção das vias
nervosas, os músculos e tendões sofrem alterações na sua capacidade de
contração e alongamento para a realização de movimentos. Na espasticidade,
observa-se um aumento do tônus muscular, aumento dos reflexos e aparecimento de
contrações sucessivas de um grupo muscular. A espasticidade é visível, pois há
uma contração muscular brusca levando a uma movimentação em bloco, os braços e
as pernas se dobram ou esticam desencadeando um tremor generalizado.
Existem medicações que controlam a espasticidade, além de
técnicas fisioterapêuticas (termoterapia, escovação, mobilizações,
alongamentos, padrões anti-reflexos etc). A espasticidade causa contraturas
musculares que provocam encurtamento dos músculos, diminuição da amplitude
articular, deformidades ósseas e articulares, bem como padrões anormais de
movimentos e posturas incorretas. Mantenha um acompanhamento médico e o
fisioterapêutico.
Pele – a alteração da sensibilidade e a
permanência durante muito tempo numa mesma posição podem ocasionar na pele
feridas (escaras) que, se não tratadas, podem evoluir e até atingir músculos e
ossos, configurando-se em um grave risco ao bem-estar e à saúde. Proteger o
corpo onde encontramos pontas ósseas (cotovelos, joelhos, tornozelos, quadris
etc) é uma medida preventiva essencial. Deve-se cuidar bem da pele usando
cremes hidratantes, evitando roupas e calçados apertados, mantendo as unhas
aparadas, fazendo uma alimentação adequada e observando sempre a pele em busca
de manchas vermelhas ou pequenas lesões, para que sejam logo tratadas, evitando
uma piora. Só utilize medicamentos, pomadas ou outras substâncias após a
consulta ao médico!
Respiração – quanto mais alta for a lesão, maior o
comprometimento respiratório. No entanto, como há uma diminuição da mobilidade
e da atividade física, deve-se ficar atento às complicações pulmonares
(pneumonias, infecções respiratórias) prevenindo as intercorrências e
melhorando a capacidade ventilatória. A mudança periódica de posicionamento
(sentado, deitado de lado, de bruços ou de barriga para cima) favorece a
respiração. Beber água também é fundamental para manter a umidificação dos
pulmões e facilitar a saída de secreções ressecadas. Além disso, pode-se
exercitar a respiração utilizando exercícios simples diariamente. Existem
cintas espeçíficas que dão suporte abdominal para melhorar a respiração.
Sexualidade – a lesão medular também provoca uma mudança sexual, independente do nível. Cada pessoa reage de uma forma, portanto, é importante que se tenha a consciência de que haverá mudanças, mas que nada impede que se tenha uma vida sexual ativa e prazerosa. Busque orientações com o urologista e também com um psicoterapeuta.
Órteses – são materiais que auxiliam na prevenção
de deformidades ósseas, retrações e facilitam na execução de movimentos. A
indicação da órtese depende da avaliação do fisioterapeuta ou terapeuta
ocupacional. Podemos citar: Figura A, Figura B, Figura C e Figura D.
Calhas - as calhas são confeccionadas de uma forma
personalizada e seguem um programa de períodos para serem utilizadas. Elas
mantêm a parte do corpo (mãos ou pés) em posição anatômica para prevenir
deformidades, manter alongamentos e promover uma melhor circulação.
Cinta
abdominal - a
pressão da cinta no abdome promove uma sustentação, melhorando a tosse e permitindo
um melhor desempenho do diafragma. Os órgãos que se localizam dentro da
cavidade abdominal (principalmente a bexiga e os intestinos) ficam mais seguros
e recebem estímulos para que se contraiam devido a esta pressão.
Estabilizadores de coluna - são utilizados para manter a coluna
posicionada, evitando as deformidades das curvaturas da coluna vertebral
(escoliose, hipercifose e hiperlordose). Podem ser confeccionados em tecido
elástico, hastes de metal, de polipropileno e outros.
Equipamentos
Ortostáticos - são
utilizados para colocar a pessoa de pé. Assim, a circulação, os aparelhos
digestivo e urinário, o coração e os ossos são estimulados já que, no
dia-a-dia, utiliza-se muito a posição sentada.
As atividades do dia-a-dia das pessoas com deficiência física
por lesão medular requerem muita dedicação, mas é possível se obter muitas
conquistas. Na prática, todos somos capazes de reaprender e desenvolver
potencialidades que vão fazer importante diferença na qualidade de vida. As
informações não se bastam. À medida que vivenciamos experiências e podemos
trocá-las com o outro, ampliamos nosso conhecimento e podemos contribuir
de alguma forma, com a humanidade.
É preciso manter a fisioterapia e tantas terapêuticas que se
fizerem necessárias, pois devemos cuidar bem do corpo para usufruirmos os
benefícios da vida, além de que, a medicina encontra-se num rápido processo de
evolução técnico-científico, capaz de reverter as seqüelas da lesão medular e,
para isso, o corpo precisa estar em forma.
FONTE www.google.com.br em 13/03/2011:
ENVIE UM E-MAIL. TEREMOS O MAIOR PRAZER EM RESPONDÊ-LO
Referências
1. www.fraterbrasil.org.br
2. www.sarah.br
3. www.acortec.es
4. www.patmedicalart.com
5. Reabilitação Neurológica 4ª edição Ed. Manole Darcy Umphred
6. Manual de Fisiopatologia Clínica Fernando Bevilacqua, Livraria Atheneu RJ/SP 1979
7. Manual de Clínica Médica, Ernesto Lima Gonçalves, Ed. Guanabara Koogan RJ 1980
2. www.sarah.br
3. www.acortec.es
4. www.patmedicalart.com
5. Reabilitação Neurológica 4ª edição Ed. Manole Darcy Umphred
6. Manual de Fisiopatologia Clínica Fernando Bevilacqua, Livraria Atheneu RJ/SP 1979
7. Manual de Clínica Médica, Ernesto Lima Gonçalves, Ed. Guanabara Koogan RJ 1980
Nenhum comentário:
Postar um comentário